Querido Diário: Como me adaptei ao uso da bolsa de ileostomia

Querido Diário

A minha epopeia começou ainda na sala de recuperação da cirurgia, quando recebi as primeiras informações de uso. Depois que fui transferido para um quarto com apenas 3 leitos antes de me transferirem para a enfermaria começou a jornada da adaptação. Não foi um caso de amor a primeira vista. Não deu match. Era um objeto estranho preso em mim, que enchia, vazava, e vazava de novo, e de novo... até a paciência acabar.

Mas eu sempre pensava assim: Mas tu tá vivo, peste! Isso é provisório! Se acalme homem... e esse mantra eu repeti incessantemente durante muito tempo. Quando cheguei na enfermaria veio uma enfermeira da empresa que atendia o hospital (pausa para um coisa importante: Não vou citar nome de nenhuma empresa, pois acho que isso deve ser  uma escolha pessoal e mais tarde vou falar sobre bolsas) e me deu um kit/bolsinha e me passou um monte de informação e picou a mula. Nunca mais via fuça dela na minha vida. Olha como um paciente recém ostomizado que depois de receber um monte de informação que ele nem processa direito ali naquele momento e depois a pessoa que o atendeu nunca mais volta nem pra saber se ele ainda tem dúvidas (of course he has) e como será que fica o nível de satisfação do paciente com aquele produto/empresa? E isso meus amigos é só o começo, ainda tem mais coisa aí nesse rolo da adaptação.

Ainda no hospital eu precisei tomar um antibiótico por causa da cirurgia e a combinação de medicações me fez ter uma diarreia monstruosa (esse um dos maiores perigo para o ileostomizado/ostomizado) e eu perdia liquido e bolsas na mesma proporção. Foi um inferno. Mais esse tormento durou sete dias. E nesses sete dias eu não parava de pensar: Mas vai ser sempre assim?

Bem a coisa foi melhorando e depois que sai do hospital uma outra enfermeira apareceu (não foi a primeira e eu nem sei se ela trabalhava para alguma empresa) e me disse para procurar um centro de saúde onde se fazia a dispensação de bolsas gratuitas para pessoas ostomizadas. Até ir procurar o centro, me cadastrar e receber o material era eu quem comprava o material que estava usando, pois o material recebido no kit já havia terminado. E olha meu amigo o material é caro. Muito caro. 


Depois disso foi a questão do tamanho. A minha ileostomia é num formato elíptico que já dificulta tudo ainda mais, pois todos os cortes são redondos. Eu usei bolsa de 80, 75 e de 70 mm tentando achar o tamanho correto. Depois de muito tempo já na Paraíba e que eu aprendi a cortar a bolsa no formato certo para a minha ileostomia. A enfermeira do Hospital Universitário da UFPB que respondia pelo setor foi quem me ensinou corretamente a cortar a bolsa. Vejam que isso levou quase três meses. 

Então o tempo foi passando e eu aprendendo a tirar, fazer a limpeza, cortar e colocar no lugar sem precisar  da ajuda de ninguém. Mas no começou eu precisei de ajuda das pessoas para fazer a troca, mas depois com o passar do tempo eu já estava craque nessa vida de ileostomizado e não precisava mais da ajuda de ninguém. Tinha até meus momentos de professor Pardal nas gambiarras para não vazar, ou quando vazava, conseguir fazer durar a bolsa um pouco mais no local prolongando a troca mais tempo. Eu tinha uma viagem marcada para ir morar em Portugal durante seis meses e eu fiz a viagem sem nenhum tipo de problema, mesmo estando ostomizado. Levei as bolsas daqui e a adaptação foi completa.

Olha uma coisa importante para colocar aqui é que eu não tenho nenhum tipo de problema de pele mais grave. Tenho pouca alergia (fora a rinite que me acompanha a mais tempo que meus óculos) e por isso a minha adaptação foi de boas, mas tem pessoas com a pele muito sensível e que o uso de algumas bolsas pode ocasionar dermatites brabas/severas e por muito tempo, o que torna a adaptação ainda mais difícil. Vou deixar aqui um conselho para você: experimente todas as opções de bolsa, se você puder. Nem sempre a primeira é a melhor opção para você. Eu usei durante muito tempo (4 anos) a mesma marca que comecei e ainda uso quando preciso, mas troquei de marca recentemente, pois o modelo atual é mais prático para colocar e mais invisível. Bem eu contei um pouco dessa jornada para vocês. Agora conta aí como foi com vocês e se tiver alguma dúvida escreve aí em baixo que eu respondo pra você.

Abraços 

Robson Freire

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